Vida e Cidadania
Domingo, 01/07/2012
Sionelly Leite / Gazeta do Povo
Seguindo os passos: O casal
Luciano Ferreira, analista de sistemas de 36 anos, e Adriana Medeiros
Ferreira, psicóloga de 32 anos, acredita que as dez sugestões feitas
pelo site dos EUA para acertar na educação de uma criança são bastante
coerentes. Pais de Carolina, de 4 anos, eles contam que, sem saber,
acabam seguindo essas dicas, fruto da relação franca e amorosa que
mantêm com a filha. “A gente tenta acertar, mas sempre acha que está
errando em algo. Mas, vendo os dez passos, acho que estamos fazendo tudo
certo então”, diz Adriana, que mora com a família em Curitiba
Para acertar na educação de seu filho
Embora
não existam fórmulas mágicas ou manuais para a educação das crianças,
os pais estão sempre em busca de dicas que os auxiliem a adotar pequenas
atitudes que influenciem no desenvolvimento de seus filhos. Por essa
razão o site norte-americano LiveScience listou recentemente dez passos
simples para que os responsáveis pelas crianças possam seguir e, assim,
tentar acertar na criação dos filhos.
Como essa não é uma ciência exata e nem todos os hábitos brasileiros são como os dos norte-americanos, a Gazeta do Povo ouviu três especialistas no assunto para tentar adequar às dicas à realidade daqui: a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Stella Bortoni; o pediatra e neonatologista Marcelo Reibscheid; e a professora do Setor de Educação da UFPR e doutoranda em educação infantil, Sandra Dias Costa.
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
Eles reforçam o fato de que não existe receita que garanta
sucesso na educação de uma criança, mas dizem que os dez passos
sugeridos refletem a base do relacionamento entre pais e filhos e podem
trazer mais qualidade à vida em família. Conheça a seguir cada uma das
dicas acompanhada da análise dos especialistas.
1 - Ofereça liberdade à criança
Proteger os filhos é necessário, mas impedi-los de vivenciar determinadas situações pode ser muito prejudicial para o desenvolvimento deles. “Cercear a liberdade não é a melhor postura. O ideal é estar bem alerta e promover o diálogo, a troca. Mostre para a criança que ela é responsável pelo seu próprio comportamento”, indica a professora da UnB.
2 - Tenha atitudes positivas
“A criança repete o que vê. Se ela vive em um ambiente onde existe agressividade, ela irá reproduzir isso”, diz Sandra. Para Stella, educar positivamente é mostrar em todos os episódios as dimensões positivas e negativas, cumprimentar quando o filho acertar e apontar seus erros quando falhar.
3 - Não force a perfeição
Segundo a professora Sandra Dias Costa, muitos pais projetam nos filhos os próprios desejos e expectativas, e passam a cobrar deles sucesso em atividades que nem sempre são do interesse da criança. “Cada indivíduo é único e tem suas qualidades e dificuldades. É preciso respeitar isso na criança.” Valorizar as habilidades com incentivos e não com pressão pode fazer a diferença.
4 - Vigie sua saúde mental
“A cabeça acaba sendo soberana, então, se há pressão psicológica, isso é prejudicial na criação dos filhos”, afirma Reibscheid. Já para Sandra, nem sempre manter o controle da situação é possível. “Todo mundo tem seus dias melhores e os piores. Claro que pensar nos filhos como incentivo ajuda, mas não é tão simples assim. É importante e fundamental, mas não é exato”, fala Sandra.
5 - Conheça seus filhos
Essencial em qualquer relacionamento, conhecer o outro tem extrema importância entre pais e filhos. Para a professora Stella Bortoni, esse passo está baseado no mais puro senso comum. O tempo que se aproveita com a criança permite que se aprenda sobre sua personalidade e quais são suas características, gostos e pontos fortes e fracos. “É preciso passar mais tempo com os filhos e conhecê-los mesmo. Isso será muito produtivo para o desenvolvimento da criança e para a relação com os pais”, afirma.
6 - Mantenha uma boa relação com seu cônjuge
Preserve seu filho de sentimentos negativos decorrentes de brigas e até mesmo de separações entre os pais. Stella explica que, embora o casal possa guardar mágoa um do outro, o respeito mútuo deve permanecer pelo menos durante o período de infância da criança. “Quando crescer, ela vai poder escolher, perceber as coisas, formular uma opinião sobre qualquer conflito entre os pais. A mãe deve superar suas frustrações com o marido ou ex-parceiro de outra maneira e vice-versa.”
7 - Permita a argumentação
Ficou para trás o tempo em que criança não podia se manifestar. Dialogar e fazer disso um momento para ensinar sobre respeito mútuo e compartilhamento é essencial nos dias de hoje. “É possível abrir espaço para a argumentação da criança sem perder a noção de hierarquia dos pais. A criança não pode expressar tudo o que pensa a todo momento, mas sufocar sua opinião também não é positivo”, afirma o pediatra Marcelo Reibscheid.
8 - Boa relação entre mães e filhos
Por ser o modelo de mulher, a mãe tem papel fundamental no desenvolvimento dos filhos. “O menino que ajuda sua mãe, que percebe suas habilidades físicas e suas fragilidades, vai se tornar um rapaz que sabe se relacionar melhor com as mulheres”, diz Stella. Já na visão de Sandra, essa ligação saudável tem de existir independentemente do gênero. “Não pode ser construída como algo diferente por ser menino ou menina”, aponta.
9 - Estimule a autocompaixão
Deixar a criança verbalizar, expressar seus sentimentos ruins e falar sobre seus problemas fará com que ela aprenda a lidar melhor com os acontecimentos de sua vida. O papel dos pais nesses momentos é o de dar conselhos e exemplos, e não o de reprimir os pensamentos do filho. “Ninguém é um super-homem ou uma supermulher, todos têm medo”, lembra Stella.
10 - Brinque desde muito cedo
As brincadeiras são fundamentais para todos os aspectos do desenvolvimento de um indivíduo. Ao brincar, a criança está treinando comportamentos futuros e, segundo Sandra, a participação dos pais nesse momento é uma boa oportunidade de aproximação com a criança e de aprendizado mútuo. “A brincadeira é um excelente momento em que podem aparecer todos os aspectos que foram falados nos passos anteriores”, destaca.
Como essa não é uma ciência exata e nem todos os hábitos brasileiros são como os dos norte-americanos, a Gazeta do Povo ouviu três especialistas no assunto para tentar adequar às dicas à realidade daqui: a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Stella Bortoni; o pediatra e neonatologista Marcelo Reibscheid; e a professora do Setor de Educação da UFPR e doutoranda em educação infantil, Sandra Dias Costa.
Mais sugestões
Você sabe dar alguma outra dica para auxiliar os pais na educação das crianças?Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
1 - Ofereça liberdade à criança
Proteger os filhos é necessário, mas impedi-los de vivenciar determinadas situações pode ser muito prejudicial para o desenvolvimento deles. “Cercear a liberdade não é a melhor postura. O ideal é estar bem alerta e promover o diálogo, a troca. Mostre para a criança que ela é responsável pelo seu próprio comportamento”, indica a professora da UnB.
2 - Tenha atitudes positivas
“A criança repete o que vê. Se ela vive em um ambiente onde existe agressividade, ela irá reproduzir isso”, diz Sandra. Para Stella, educar positivamente é mostrar em todos os episódios as dimensões positivas e negativas, cumprimentar quando o filho acertar e apontar seus erros quando falhar.
3 - Não force a perfeição
Segundo a professora Sandra Dias Costa, muitos pais projetam nos filhos os próprios desejos e expectativas, e passam a cobrar deles sucesso em atividades que nem sempre são do interesse da criança. “Cada indivíduo é único e tem suas qualidades e dificuldades. É preciso respeitar isso na criança.” Valorizar as habilidades com incentivos e não com pressão pode fazer a diferença.
4 - Vigie sua saúde mental
“A cabeça acaba sendo soberana, então, se há pressão psicológica, isso é prejudicial na criação dos filhos”, afirma Reibscheid. Já para Sandra, nem sempre manter o controle da situação é possível. “Todo mundo tem seus dias melhores e os piores. Claro que pensar nos filhos como incentivo ajuda, mas não é tão simples assim. É importante e fundamental, mas não é exato”, fala Sandra.
5 - Conheça seus filhos
Essencial em qualquer relacionamento, conhecer o outro tem extrema importância entre pais e filhos. Para a professora Stella Bortoni, esse passo está baseado no mais puro senso comum. O tempo que se aproveita com a criança permite que se aprenda sobre sua personalidade e quais são suas características, gostos e pontos fortes e fracos. “É preciso passar mais tempo com os filhos e conhecê-los mesmo. Isso será muito produtivo para o desenvolvimento da criança e para a relação com os pais”, afirma.
6 - Mantenha uma boa relação com seu cônjuge
Preserve seu filho de sentimentos negativos decorrentes de brigas e até mesmo de separações entre os pais. Stella explica que, embora o casal possa guardar mágoa um do outro, o respeito mútuo deve permanecer pelo menos durante o período de infância da criança. “Quando crescer, ela vai poder escolher, perceber as coisas, formular uma opinião sobre qualquer conflito entre os pais. A mãe deve superar suas frustrações com o marido ou ex-parceiro de outra maneira e vice-versa.”
7 - Permita a argumentação
Ficou para trás o tempo em que criança não podia se manifestar. Dialogar e fazer disso um momento para ensinar sobre respeito mútuo e compartilhamento é essencial nos dias de hoje. “É possível abrir espaço para a argumentação da criança sem perder a noção de hierarquia dos pais. A criança não pode expressar tudo o que pensa a todo momento, mas sufocar sua opinião também não é positivo”, afirma o pediatra Marcelo Reibscheid.
8 - Boa relação entre mães e filhos
Por ser o modelo de mulher, a mãe tem papel fundamental no desenvolvimento dos filhos. “O menino que ajuda sua mãe, que percebe suas habilidades físicas e suas fragilidades, vai se tornar um rapaz que sabe se relacionar melhor com as mulheres”, diz Stella. Já na visão de Sandra, essa ligação saudável tem de existir independentemente do gênero. “Não pode ser construída como algo diferente por ser menino ou menina”, aponta.
9 - Estimule a autocompaixão
Deixar a criança verbalizar, expressar seus sentimentos ruins e falar sobre seus problemas fará com que ela aprenda a lidar melhor com os acontecimentos de sua vida. O papel dos pais nesses momentos é o de dar conselhos e exemplos, e não o de reprimir os pensamentos do filho. “Ninguém é um super-homem ou uma supermulher, todos têm medo”, lembra Stella.
10 - Brinque desde muito cedo
As brincadeiras são fundamentais para todos os aspectos do desenvolvimento de um indivíduo. Ao brincar, a criança está treinando comportamentos futuros e, segundo Sandra, a participação dos pais nesse momento é uma boa oportunidade de aproximação com a criança e de aprendizado mútuo. “A brincadeira é um excelente momento em que podem aparecer todos os aspectos que foram falados nos passos anteriores”, destaca.
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