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Sexta-feira, 13/04/2012
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Periodontite

Quando o mal começa pela boca

          Você sabia que escovar bem os dentes pode evitar até um enfarte cardíaco? Cuidar da boa saúde bucal ajuda a preservar o organismo de diversas doenças

Publicado em 06/05/2009 | Mariana Sanchez, especial para a Gazeta
          Especialistas alertam: descuidar da saúde bucal pode acarretar sérios prejuízos para todo o organismo. De acordo com o cirurgião dentista Carlos Alberto França Campos, existem na boca 400 espécies diferentes de bactérias, patogênicas e não patogênicas. Mas as suspeitas de que certas bactérias bucais poderiam causar alterações sistêmicas no corpo humano não são de hoje. Desde o século 19 já se cogitava a hipótese da “infecção focal”, como o tema era designado. Pela falta de comprovações científicas na época, o assunto permaneceu adormecido por muito tempo. Foi somente há 20 anos que a teoria da periodontia médica ganhou força e ampliou suas pesquisas.
           Hoje, diversos estudos já comprovaram que a doença periodontal, ou periodontite (inflamação na gengiva), pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, para citar apenas um dos males relacionados à ela. O processo de infecção é simples: as toxinas bacterianas decorrentes da inflamação na gengiva entram na corrente sanguínea do indivíduo, afetam outros órgãos e podem atuar no desenvolvimento de doenças sistêmicas, como endocardite bacteriana, enfarte, acidente vascular cerebral (AVC), diabete, pneumonia, artrite e nefrite.
Sinais de alerta
           A gravidade dos efeitos causados pela doença periodontal contrasta com a simplicidade de sua prevenção. Por isso, dentistas continuam a bater na velha tecla da boa higienização bucal. É que a origem de todos os males está na presença da placa bacteriana, decorrente de uma escovação precária e da falta do uso do fio dental. Estas bactérias são responsáveis pela inflamação dos tecidos moles da boca, denominada gengivite. Inchaço, sangramento à escovação, cor avermelhada e dor na gengiva são os principais sinais da doença, que apesar de incômoda é reversível com tratamento clínico profissional e controle da placa bacteriana.
          A preocupação maior está no caso de uma gengivite não tratada devidamente evoluir para uma doença periodontal – esta sim, irreversível, embora possa ser estabilizada mediante tratamento. Segundo a periodontista Margarida Alves de Brito Pagani, a doença periodontal pode e deve ser controlada com orientações criteriosas de escovação, uso do fio dental e tratamento odontológico específico. Os sintomas da doença são visíveis: mobilidade do dente, alterações da posição dentária, retração da gengiva, mau hálito, alteração do contorno da gengiva e, nos estágios mais avançados, secreção purulenta. O resultado é a perda óssea, comprometendo o sistema de sustentação do dente.
          O agente desencadeador da periodontite é sempre a placa bacteriana, mas de acordo com Margarida Pagani, fatores genéticos também podem contribuir neste processo. Se uma pessoa tiver antecedentes da doença na família, possivelmente terá maior predisposição em adquiri-la.

Causa e efeito
Entenda como a doença periodontal age no organismo
DA BOCA PARA O CORPO
Pneumonia
Em pacientes imuno-deprimidos e entubados, sem condições de manter uma higiene oral adequada, a proliferação de bactérias bucais pode causar pneumonia. O dentista França Campos afirma ainda que a respiração pela boca pode provocar ressecamento das mucosas orofaríngeas, favorecendo o acúmulo de microorganismos responsáveis por amidalites, faringites, laringites e outras doenças das vias aéreas superiores.
Diabete
A doença periodontal aumenta em duas vezes o risco de a pessoa ter diabete, como lembra Betina Rost, especialista em dentística reparadora. Segundo ela, diabéticos com a doença têm mais dificuldade em controlar os níveis de glicemia.
Doenças cardiovasculares
As toxinas da doença periodontal atuam nas paredes dos vasos sanguíneos, alterando o metabolismo das gorduras no sangue e favorecendo a ocorrência de tromboses vasculares, que são as precursores de enfartes e AVCs.
Tabagismo
Fumantes têm alteração de sua resposta imunológica a infecções, o que aumenta a incidência da doença periodontal e também a resistência a algumas bactérias agressivas da doença, mesmo após tratamento. De acordo com a periodontista Margarida Pagani, o tabagismo diminui a oxigenação dos tecidos, favorecendo o desenvolvimento de bactérias anaeróbicas, presentes nas periodontites.
Parto prematuro
Segundo a cirurgiã dentista Betina Rost, gestantes com periodontite têm de 5 a 7 vezes mais risco de dar à luz bebês prematuros com baixo peso. Nos casos de doença periodontal em estágios mais avançados, há uma maior possibilidade do parto acontecer antes de 32 semanas de gestação. Isso porque as toxinas bacterianas da doença podem agir na placenta e no útero, provocando contração uterina e ruptura de membranas dos tecidos.
DO CORPO PARA A BOCA
Bulimia e anorexia
Além da subnutrição debilitar o organismo, a acidez do vômito provocado pelas doenças destrói as estruturas dentárias e os restos de alimentos que permanecem na boca aumentam a incidência de cárie.
Refluxos gástricos
A presença de ácidos gástricos na boca causa erosões e outras alterações nos dentes.
Obstruções nasais
Ao favorecer a respiração pela boca, contribuem para a proliferação de bactérias bucais.
Alterações hormonais
Na gravidez, puberdade e no ciclo menstrual, mulheres apresentam sangramento gengival com mais freqüência.
Medicamentos anticonvulsivantes
Provocam crescimento anormal da gengiva.
Dieta inadequada
O consumo excessivo de carboidratos pode causar o surgimento de cáries.
Refrigerantes e sucos ácidos
O ácido presente na composição de certas bebidas, incluindo refrigerantes e isotônicos, gera alterações nos esmaltes dos dentes.

Fonte: Carlos Alberto França Campos, especialista em prótese dentária.

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